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Luiz Marques e Susan Lowndes
Data de Produção Inicial:
1930
Data de Produção Final:
2007
Nível de Descrição:
Fundo
Nome do Produtor e História Administrativa/Biográfica:
Nome do Produtor:
Marques, Luís Artur de Oliveira
História Administrativa:
Luís Artur de Oliveira Marques nasceu em Lisboa em 1898-11-25, vindo a ser educado em colégios na Grã-Bretanha e em Portugal durante a I Guerra Mundial (1914-1918). O domínio do inglês permitir-lhe-ia regressar a Londres, em 1919, para estudar engenharia no City and Guilds College. Todavia, mercê da crise financeira, os seus pais deixaram de poder custear os estudos, pelo que se empregaria no Anglo-Portuguese Colonial and Overseas Bank. Por esta altura foi nomeado correspondente do "Diário de Notícias" no Reino Unido, vivendo em Londres até que em 1932 regressasse a Portugal para se dedicar ao ensino de inglês no Liceu Pedro Nunes, à tradução e às explicações. A partir de 1937 iniciou colaboração no jornal "Anglo-Portuguese News", fundado nesse ano, em Portugal, pelo Major Wackeman. No ano seguinte casaria com Susan Lowndes, filha do jornalista Frederick Lowndes, do jornal "The Times" e da escritora Maria Belloc Lowndes. Durante a II Guerra Mundial, o "The Anglo-Portuguese News" (APN) passou a ser subsidiado pelo British Council, a fim de divulgar o esforço de guerra britânico, assumindo-se como órgão de propaganda aliada, razão pela qual aumentou o número de páginas e começou a ser publicado semanalmente, com artigos em inglês e português. O APN foi, assim, o único periódico de língua inglesa que se publicou durante o conflito no continente europeu, tendo Luís Marques orgulho no facto de o jornal ter sido referido num programa radiofónico de propaganda alemã como «o porta-voz de Churchill em Lisboa». O governo britânico conceder-lhe-ia a Comenda de Membro do Império Britânico pelo seu trabalho a favor dos Aliados, no jornal, assim como na tradução de vasta documentação para a Embaixada Britânica, razão pela qual os nomes de Luís Marques e Susan Lowndes constavam da lista de evacuação de urgência, no caso de Portugal ser invadido pela Alemanha. Não obstante o subsídio ter findado após a guerra, o APN manter-se-ia, regressando ao modelo de quinzenário, em inglês, com menos páginas e mais publicidade. A publicação contou com grande número de colaboradores, de grande distinção, como Marcus Cheke, diplomata inglês que escreveu livros sobre o Marquês de Pombal e Carlota Joaquina; João Gaspar Simões; Tomás Kim; Adolfo Simões Muller; Joaquim Paço d’Arcos; Pardal Monteiro; Virgínia Rau; Luís de Freitas Branco; Manuela Porto; Aquilino Ribeiro; Vitorino Nemésio; Rose Macaulay, autora do livro "Ingleses em Portugal"; Ann Bridge, coautora, com Susan Lowndes, do livro "The selective traveller in Portugal"; o ensaísta Harold Nicolson; os poetas Charles David Ley e Roy Campbell; os lusitanistas Aubrey Bell e Edgar Prestage; Ann Livermore; o primeiro diretor do Instituto Britânico em Lisboa, George West; o musicólogo Santiago Kastner e a historiadora Elaine Sanceau. Ainda assim, cumpriria a Luís Marques e Susan Lowndes - servindo-se de uma série de pseudónimos - garantir a maioria dos conteúdos do jornal, publicando centenas de artigos sobre o país, nomeadamente sobre o concelho de Cascais, além de notícias de interesse para a comunidade britânica em Portugal. Depois da morte de Luís Marques, em 1976, Susan Lowndes continuou a dirigir o jornal, até que o vendeu, em 1980, ao jornalista inglês Nigel Batley, que o manteria até 2004, quando cessou publicação. No início da década de 1980, os primeiros quarenta anos de edição foram microfilmados e dotados de índice, com o apoio financeiro da Fundação Calouste Gulbenkian e da Tinker Foundation, dos E.U.A, para depósito na Biblioteca do Congresso dos E.U.A. Luís Marques foi, também, correspondente em Portugal do jornal inglês "The Daily Telegraph", a partir de 1936, durante a II Guerra Mundial e até quase à data da sua morte; e um dos fundadores da Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal. De acordo com os dados compulsados pela Dra. Ana Vicente, sua filha, que publicou, em 2006, um livro sobre seus pais intitulado "Arcádia: Notícia de uma Família anglo-portuguesa" (Lisboa: Gótica, 2006), Luís Marques detinha uma vasta cultura, sobretudo no campo da literatura inglesa e portuguesa e era um grande conversador, permitindo-lhe a sua excelente memória recordar textos lidos há anos. Era também um católico convicto e muito conhecedor de temas religiosos, frequentando a Igreja de Santo António do Estoril e os Salesianos. Sofreu toda a vida de uma espondilose que o deixou nas últimas décadas de vida completamente curvado, tendo, ainda, problemas de visão, de que nunca se queixava. A correspondência conservada comprova o seu fino humor e o imenso círculo de amigos que gerou. Morreu em 1976-10-01 na sua residência no Monte Estoril desde 1947 - a Casa Palmeiral, na Avenida de S. Pedro, n.º 25 -, onde funcionou, também, o APN, a partir da década de 1960. Foi sepultado no cemitério da Galiza. Em 1995, por iniciativa do seu filho, Paulo Lowndes Marques, publicar-se-ia postumamente um livro de Luís Marques, intitulado "Contacts, memoirs and collected pieces"
Nome do Produtor:
Marques, Susan Lowndes
História Administrativa:
Susan Lowndes Marques, ou Susan Lowndes, nome com que assinava os seus livros e artigos, nasceu em Londres, em 1907-02-15. Era filha da escritora Marie Belloc Lowndes e de Frederick Lowndes, jornalista do "The Times" e neta de Bessie Rayner Parkes Belloc, escritora e ativista dos direitos das mulheres. Frequentou diversos colégios em Inglaterra, iniciando-se na escrita ainda jovem, ao colaborar de forma ocasional em diversas publicações. Em 1938-09 deslocou-se, com seu pai, a Portugal, instalando-se no Hotel de Inglaterra, no Estoril, onde veio a conhecer, através de amigos, o jornalista Luís Artur de Oliveira Marques, que falava inglês na perfeição e com quem veio a casar poucos meses depois, em 1938-12-14, em Londres. Susan Lowndes adquiriu a nacionalidade portuguesa, embora nunca tenha desistido do passaporte inglês. Era católica praticante e grande frequentadora da Igreja de Santo António do Estoril e dos Salesianos. Entendia que o cristianismo se vivia no dia a dia, de forma eminentemente prática, em solidariedade com as pessoas mais sós ou desprotegidas, razão pela qual se conservam no seu arquivo centenas de cartas agradecendo-lhe a refeição, o acolhimento, a visita, a ajuda económica e o envio de livros ou de roupa. Colaborou com o marido no "The Anglo-Portuguese News" (APN), jornal inglês publicado em Portugal durante quase cinquenta anos, cuja sede seria montada na casa da família no Monte Estoril, a partir da década de 1960. Aí publicou centenas de artigos sobre variados temas, nomeadamente acerca do concelho de Cascais. Após a morte de Luís Marques, em 1976, continuou a dirigir o APN, até que o vendeu, em 1980, ao jornalista inglês Nigel Batley. Foi correspondente em Portugal de vários jornais e revistas católicas norte-americanas e inglesas e colaboradora ocasional das mais diversas revistas e publicações, com temas quase sempre relacionados com Portugal, e muitas vezes com a zona de Cascais. Escreveu diversos livros sobre Portugal, como "The selective traveller in Portugal" (Londres: Evans, 1949), em parceria com Ann Bridge, que conheceu sucessivas edições e se tornou um clássico da narrativa de viagens sobre o país. Elizabeth Stroumillo, jomalista de viagens do "The Daily Telegraph", ao publicitar "Travellers’ guide to Portugal", (Londres: Geographia, 1982), outro dos livros de Susan Lowndes, que veio a conhecer três edições, anotaria que: «Susan Lowndes, uma inglesa que vive em Portugal há muitos anos [...] tem um conhecimento enciclopédico sobre esse país. [...] O amor e o entusiasmo por tudo o que é português irradia em cada página». Escreveu, também, "Good food from Spain and Portugal" (Londres: Frederich Muller, 1956), dois pequenos livros sobre Fátima destinados aos milhares de peregrinos de língua inglesa, reformulando e atualizando durante vários anos o "Fodor’s Guide to Portugal", nas suas várias versões. Também compilou "Diaries and letter of Marie Belloc Lowndes" (Londres: Chatto and Windus, 1971), que recolheu excelentes críticas por parte da imprensa inglesa. Grande apaixonada pela arte e pela arquitetura, escreveu com Alice Berkeley um livro que seria publicado pouco tempo depois da sua morte: "English art in Portugal" (Lisboa: Inapa, 1994). Trabalhou de forma voluntária em várias instituições, como o Hospital Britânico; o Colégio Inglês de Carcavelos; o Lar para a Terceira Idade da Comunidade Estrangeira, em S. Pedro de Estoril; o Fundo Caritativo Britânico; a Associação Anglo-Lusa, com sede em Londres; a Associação Britânica de Mulheres Voluntárias e o Lar Internacional para Senhoras. Durante a guerra, também participou com o marido no apoio aos refugiados que passaram em grande número por Portugal. De acordo com os dados compulsados pela Dra. Ana Vicente, sua filha, que publicou, em 2006, um livro sobre seus pais intitulado "Arcádia: Notícia de uma Família anglo-portuguesa" (Lisboa: Gótica, 2006), a Casa Palmeiral, sita na Avenida de S. Pedro, no Monte Estoril, onde residiu desde 1947, estava repleta de livros e sempre preparada para receber familiares, amigos e conhecidos. Eram quase diários os almoços e jantares onde, à volta da mesa, se juntavam as mais diversas personalidades, tanto mais que Susan Lowndes e Luís Marques mantinham importantes relações de amizade com vários escritores ingleses, que os visitavam quando passavam por Portugal, casos de Graham Greene, Evelyn Waugh, Cyril Connolly, Rose Macaulay, Elizabeth Hamilton, Aldous Huxley, Angus Wilson e Sachaverell Sitwell. Susan Lowndes foi condecorada, em 1975, pela Rainha Isabel II de Inglaterra, com a Ordem do Império Britânico, pelos serviços prestados à comunidade inglesa em Portugal. Francisco Hipólito Raposo descrevê-la-ia como «uma portuguesa de luxo». Morreu em 1993-02-03, no Hospital Inglês, em Lisboa
História Custodial e Arquivística:
O fundo foi depositado pela Senhora Dra. Ana Vicente, na sequência de contrato estabelecido com a Câmara Municipal de Cascais, através do AHMCSC, ao abrigo do Programa de Recuperação de Arquivos e Documentos de Interesse Municipal (PRADIM)
Âmbito e Conteúdo:
A documentação é composta por correspondência, textos de autor, apontamentos, recortes de imprensa, agendas e outras tipologias documentais ainda não processadas. O fundo encontra-se em tratamento, não dispondo de quadro de classificação definitivo
Estatuto Legal:
Documentação Privada
Notas:
Cota do fundo: F3. O fundo encontra-se, por ora, acondicionado em 106 cx. Datas de Produção Inicial e Final aproximadas.
Data(s) da(s) Descrição(ões):
2013-06-01
Conteúdo Digital:
Cópia interna
Código de Referência:
PT/CMCSC-AHMCSC/AFML/LMSL
Registos adjacentes
FJCP - José Coelho Pacheco
JJR - José Jorge Ribeiro
MCS - Marqueses de Cascais
MJLM - Maria José Lacerda e Mello
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