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Forma Autorizada do Nome:
Cid, Augusto José de Matos Sobral
Tipo de Entidade:
Pessoa Singular
História:
Nasceu em 1941-11-18 na cidade da Horta, na ilha do Faial, Açores. Estudou em Lisboa, seguindo em 1959 com uma bolsa de estudos do American Field Service, para Laguna Beach, na Califórnia, onde, inspirado pelo trabalho dos cartoonistas americanos, decidiu dedicar-se a esta arte. Produziu, então, os primeiros desenhos, em que caricaturou a eleição de Nixon. Tendo por modelo o traço de Ronald Searle e a mordacidade de Pat Oliphant, começou a publicar os seus trabalhos no popularíssimo semanário "A Parada da Paródia", entre 1960 e 1962 e depois n’ "O Século Ilustrado", em que foi forçado a apostar no desenho humorístico, uma vez que a censura não permitia a caricatura política. O espírito crítico deste eterno inconformista cedo o incompatibilizaria com o imobilismo nacional, que se refletia, por exemplo, no curso de Escultura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, de que desistiu, razão pela qual, em entrevista concedida ao "Sol", em 2016, confessou que «Com alguma tristeza, em Belas-Artes nunca aprendi nada. Eu desenhava naturalmente a partir do que via e de livros que comprava. Em arte sou um autodidata». Forçado a seguir para a guerra, produziu uma série de desenhos para a "Revista Militar de Luanda" durante a sua comissão em Angola, de 1965 e 1967 e depois para o "Jornal do Exército", que reimprimiu em fevereiro de 1974 no livro "Que se Passa na Frente?!!", para denunciar as contradições do conflito. Como recordaria, «Na altura lia muito pocket books, coisas inglesas ou americanas. O fardamento tinha um bolso lateral em cada perna, e eu levava sempre um pocket book em cada bolso. Eram as minhas munições literárias. Curiosamente eu fazia a minha guerra - não a guerra que eles queriam que eu fizesse. Cumpria a minha obrigação, julgo eu, mas depois quando chegava ao destacamento rapava dos meus lápis de cores e das minhas aguarelas e fazia um cartoon sobre aquilo. Quando vi que havia uma página de cartoons numa revista militar pensei: “Posso trabalhar com eles”. Curiosamente não era mal pago. Davam-me 150 paus por cartoon, que era dinheiro. E faziam concursos em que o prémio era 500 escudos e eu ganhava quase sempre, portanto ganhava mais nos desenhos que fazia do que como furriel». No início da década de 70 colaborou na "Lorentis", n’"A Mosca", célebre suplemento do "Diário de Lisboa", no "Sempre Fixe" e na revista "Observador", desenvolvendo ainda trabalhos de publicidade, nomeadamente para a TAP, que o levariam mais tarde a fundar a sua própria agência. A partir da revolução de 25 de abril de 1974 publicaria intensamente em jornais e revistas, como "Povo Livre", "República", "O Jornal Novo", "Expresso", "O País", "O Sol", "Vida Mundial", "O Dia", "O Diabo", "A Tarde", "O Independente", "O Crime", "O Título", "K - Capa", "Macau", "Agenda Cultural de Lisboa", "Focus", "Grande Reportagem" e "Sol". A sua obra de Augusto Cid passou, desde então, a ser mais marcada pela sátira do que pela ironia, num período em que se assistiu à legalização dos partidos políticos, ao fim da censura e à afirmação da liberdade de expressão. A sua militância no Partido Popular Democrático, atual Partido Social Democrata, levá-lo-ia também a desenhar o símbolo original das três setas. Contudo, afastar-se-ia do partido quando este chegou ao poder, pois, como recordou, em 2012, numa entrevista ao "Correio da Manhã", «uma coisa é fazer desenhos num órgão de um partido que está na oposição e outra é o partido chegar ao poder e eu passar a ter de fazer desenhos que o apoiem». Por defender que «o cartoonista deve ser sempre um homem do contrapoder» jamais abdicaria da liberdade que lhe garantia a imprescindível isenção. Satirizando frequentemente políticos como Ramalho Eanes, Álvaro Cunhal, Mário Soares ou Pinto Balsemão, soube sempre fazer humor com opinião própria através de caricaturas exacerbadas, o que numa democracia ainda em construção lhe valeu problemas com a justiça, em processos por difamação e até a apreensão de dois dos seus livros: "O Superman" e "Eanito, el Estático", editados em 1979 e 1980. Também o acidente aéreo de Camarate, ocorrido em 1980, que vitimou o primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro, o ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa e a sua comitiva, estaria na origem dos polémicos livros "Camarate" e "Camarate: Como, Porquê e Quem", que editou em 1984 e 1987. Não obstante, seriam os desenhos publicados a partir de 1976 n’"O Diabo" e n’"O Sol", dirigidos por Vera Lagoa, que lhe garantiram maior sucesso. O mesmo sucederia n’"O Independente" a partir de 1990, com o "CãoTraste", «o verdadeiro animal político», que passava em revista os principais factos políticos da semana. Entre 1991 e 1993 também trabalhou para a TVI, produzindo diariamente caricaturas para os serviços noticiosos. Para além da obra editada em jornais e revistas, publicou dezenas de livros, em que desenhou os principais episódios e figuras que marcaram a história dos turbulentos cinquenta primeiros anos da democracia portuguesa. Produziu também obra de relevo no domínio da escultura, como a estátua de Gonçalves Zarco, em Lisboa (1995); a escultura urbana do Aeroporto de Macau (1997); o monumento às Vítimas do Atentado de 11 de Setembro, também em Lisboa (2001); a escultura Cauda da Baleia, em Oeiras (2002); a estátua do Imperador Carlos I da Áustria, no Funchal (2005), a escultura Três Cavalos, em Oeiras (2008), e as estátuas do Infante D. Henrique, em Sagres (2008) e de D. Diogo de Menezes, em Cascais (2009), bem como diversos troféus para a Associação do Cavalo Lusitano. O seu traço fino, colorido a aguarela, foi distinguido com o 1.º Prémio de Desenho Humorístico do Salão Nacional de Caricatura (1987), o Grande Prémio do I Salão Livre (1988), o Prémio CPPM - Humor e Património (1989), o Grande Prémio do Salão Nacional de Caricatura (1990 e 1994), o Prémio Nacional de Humor de Imprensa (1996), o Prémio Stuart de Tira Cómica (2005) ou o Grande Prémio do Porto Cartoon World Festival (2008). Seria condecorado em 1999 com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique. Faleceu em Lisboa a 14 de março de 2019, legando uma obra extraordinária para a reconstituição da história contemporânea de Portugal, que foi depositada nesse mesmo no Arquivo Histórico Municipal de Cascais, com vista à sua preservação, comunicação e fruição pública.
Funções, Ocupações e Actividades:
Cartoonista
Escultor
Publicitário
Data de Criação:
2023-11-11
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