Plano de classificação

Emília Maria Marçal AmorData de Produção Inicial:1769-11-06Data de Produção Final:1981-06-01Nível de Descrição:FundoNome do Produtor e História Administrativa/Biográfica:Nome do Produtor: Amor, Emília Maria MarçalHistória Administrativa: Nasceu em Lisboa em setembro de 1945, numa família com raízes alentejanas e algarvias, que, entre 1949 e 1951, se instalaria, sucessivamente, em Viseu, em Aveiro e na Figueira da Foz. Em 1952 seu pai, que era canalizador de profissão, decidiu comprar um terreno em Caparide para nele erguer uma casa. Ao longo de sete anos estudaria no Liceu de Oeiras e posteriormente ingressou no Curso de História da Faculdade de Letras de Lisboa. Ficaria sozinha na capital após a partida da família para Moçambique, que visitava com frequência no período das férias grandes, deslocações essas que lhe permitiriam conhecer aquele país em plena guerra colonial. Terminado o curso, foi ficando em Lisboa, onde viria a frequentar, entre outubro e dezembro de 1968, o seminário preparatório da dissertação final. Sabendo sempre que a sua vocação era ensinar, entrou na Escola Industrial D. Luísa de Gusmão em janeiro de 1969, onde dava aulas de Língua e História Pátria a alunas quase da sua idade. Mais tarde veio a lecionar Filosofia no Liceu Passos Manuel e já no Liceu Rainha D. Amélia arrancaria com todas as turmas do antigo 5.º ano do e ainda uma do 6.º, num total de cerca de quinhentas alunas.

No início da década de setenta, aceitou um horário de Português e mais alguns encargos na novel Escola Preparatória de Alcochete. Esse facto mudaria a sua vida, não apenas pelo contínuo reforço dos conhecimentos linguísticos e literários, mas, sobretudo, porque ajudou a perceber como o domínio da língua constituía, segundo a própria, “[n]um poderoso fator de desenvolvimento e de autonomia”. O seu primeiro grande desafio profissional viria a acontecer aos 25 anos, com a participação na instalação da Escola Preparatória da Moita, onde assumiu o cargo de diretora até 1973. Em janeiro de 1974 realizaria o estágio profissional até aí adiado e em outubro, no auge do PREC, era professora estagiária na Escola Preparatória Eugénio dos Santos, em Lisboa. Devido à sua experiência pedagógica e de gestão administrativa, e ao conhecimento que possuía da legislação, foi rapidamente eleita delegada sindical. No ano seguinte, foi convidada para orientar o estágio de Português, cargo que daria início ao um ciclo que só terminaria dez anos depois, com a passagem da formação de professores para as universidades.

Em 1986, foi admitida no mestrado em Linguística da Faculdade de Letras de Lisboa, durante o qual sofreria a morte de seu pai, vindo depois a ser convidada a dar aulas na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação de Lisboa. Do muito que, nesse período, concebeu e elaborou, se destaca o livro “Didática do Português”, publicado em 1993 e sucessivamente reeditado até ao presente. Durante três anos, viria ainda a colaborar com o Departamento de Avaliação da Universidade Aberta de Lisboa. Entretanto, despertaria o seu interesse pela Lexicografia, vindo a participar na edição de um dicionário bilingue e a iniciar o seu projeto de tese de doutoramento naquela disciplina, que foi sendo sucessivamente adiado, em muito devido ao à preparação do “Dicionário Verbo de Língua Portuguesa” em parceria com a também professora Aldina Vaza, e que viria a ser editado em 2006 e reeditado em anos seguintes. Em paralelo, de 1999 a 2004, delineou e coordenou, sob a tutela da Fundação Calouste Gulbenkian, o “Projeto Littera” de promoção do ensino do Português, experiência que culminaria com a edição da obra “Littera - Escrita, Reescrita, Avaliação: um Projecto Integrado de Ensino e Aprendizagem do Português - Para a Construção de uma Alternativa V” (2005). Em 2022 viria a ser editada a coletânea “Didática do Português: sinais de um percurso de vida”, um conjunto de comunicações, conferências e artigos sobre temas diversos, relacionados com política da língua, didática curricular e didática do Português, e lançado o “Prémio Emília Amor de investigação em Didática do Português | APP”, pela Associação de Professores de Português, com o objetivo de incentivar a investigação sobre a prática pedagógico-didática do Português nos vários ciclos de ensino. Em 2020 foi-lhe diagnosticado Esclerose Lateral Amiotrófica, que desde então a tem debilitado intensamente. Fica para a posteridade as palavras que nos deixou na sua breve autobiografia: “Fui vivendo, ou melhor e numa fórmula já cunhada, “escrevivendo”, sabendo que, a seu tempo, a língua, ou melhor, a escrita tomaria a dimensão, o lugar e o estatuto certos. Ela afinal ocupou, por todas as formas, a minha vida. Foi e continua a ser, entre todos os encontros e desencontros que a preencheram, a única inextinguível paixão (…)”
Faleceu em 2023-04-22, com 78 anos
História Custodial e Arquivística:O fundo foi depositado por Emília Maria Marçal Amor, na sequência de contrato estabelecido com a Câmara Municipal de Cascais, através do AHMCSC, ao abrigo do Programa de Recuperação de Arquivos e Documentos de Interesse Municipal (PRADIM)Âmbito e Conteúdo:O fundo é constituído por 8 séries: Documentos pessoais; Documentos profissionais; Documentos relativos à propriedade situada na Rua de São Pedro, em Caparide; Documentos pessoais e profissionais de Eusébio Francisco Júnior; Fotografias; Bilhetes-postais Ilustrados; Jornal A Nossa Terra; Folheto da Troupe União 1.º de Dezembro CaparidenseEstatuto Legal:Documentação PrivadaNotas:Cota do fundo: I20. O fundo encontra-se acondicionado em 1 caixa.Conteúdo Digital:Cópia internaCódigo de Referência:PT/CMCSC-AHMCSC/APSS/EMMA