Plano de classificação

Maria de SousaData de Produção Inicial:1928Nível de Descrição:FundoNome do Produtor e História Administrativa/Biográfica:Nome do Produtor: Sousa, Maria deHistória Administrativa: Maria de Sousa nasceu em Lisboa em 1939, licenciou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina de Lisboa, em 1963 e doutorou-se em Imunologia pela Universidade de Glasgow, em 1971.
Enquanto bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian nos laboratórios de Biologia Experimental do Imperial Cancer Research Found, em Londres, e sob a direção da Drª Delphine Parrott, contribuiu para a definição da estrutura funcional dos órgãos que constituem o sistema imunológico, entre os quais o que consagrou a descoberta da área timo-dependente (1966)e um fenómeno a que chamou Ecotaxis, que designa a capacidade de células de diferentes origens migrarem e organizarem-se em áreas bem delineadas dos órgãos linfoides periféricos. Um postulado ulterior (1978) - no qual avançava a possibilidade do sistema imunológico participar na proteção da toxicidade do ferro - conduziu a estudos do sistema imunológico em doentes com uma doença genética de sobrecarga de ferro, a hemocromatose hereditária. Foi esta linha de investigação que a trouxe para o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), em 1985, ano em que também criou o Mestrado de Imunologia. Enquanto docente do ensino pós-graduado foi uma das fundadoras, em 1996, do "Programa Graduado em Biologia Básica e Aplicada" (GABBA), o primeiro em Portugal, reconhecido internacionalmente como um programa de excelência. Foi ainda líder do grupo de investigação no projeto "Iron and Immune system" (IRIS), no Instituto de Biologia Molecular e Celular.
Em Portugal a cientista destacou-se, ainda, pelo papel fundamental que desempenhou na implantação da avaliação externa dos centros de investigação portugueses, tendo sido convidada pelo então Ministro da Ciência e da Tecnologia, Mariano Gago, para coordenar esse processo na área das Ciências da Saúde, na Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT).
A 16 de Outubro de 2009, aos 70 anos, jubilou-se da atividade docente no ICBAS, com uma cerimónia intitulada "A School without Walls" ("Uma escola sem muros").
Maria de Sousa recebeu inúmeras outras distinções nacionais e internacionais pelo seu trabalho enquanto cientista e professora, nomeadamente com o Grande Prémio BIAL de Medicina, em 1994; o prémio "Estímulo à Excelência", em 2004; a Medalha de Ouro de Mérito Científico, em 2009, ambos atribuídos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior; o Prémio "Universidade de Coimbra 2011"; o Prémio Universidade de Lisboa (2017); e o prémio Mina Bissell (2018). Foi ainda condecorada pelo Presidente da República Mário Soares com o grau de Grande-Oficial da Ordem Infante D. Henrique, em 1995, pelo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, em 2012 e com o grau Grã-Cruz da Ordem Militar de San’tiago de Espada, pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa em 2016.
Para além de ter sido Fellow do Royal College de Patologistas da Grã-Bretanha e Membro correspondente da Academia de Ciências de Lisboa desde 1985, continuou a dar aulas na Cornell Graduate School of Medical Sciences, em Nova Iorque, após a sua jubilação. Autora de inúmeros artigos científicos ao longo da sua carreira, escreveu ainda poesia e, em 2014, publicou o livro "Meu Dito Meu Escrito" dedicado à ciência e aos cientistas, reunindo textos escritos ao longo de anos, apresentados em conferências, publicados em revistas e jornais, bem como anotações, dedicatórias e memórias.
Maria de Sousa destacou-se ainda como cidadã comprometida com a vida cultural e social do país, tendo sido um dos membros fundadores do projeto "Porto Cidade de Ciência", bem como um dos membros do júri do Prémio Pessoa, atribuído anualmente.
Morreu em Lisboa a 14 de Abril de 2020, vítima da COVID-19.
História Custodial e Arquivística:A Profª Doutora Maria de Sousa doou ao Município de Cascais o acervo científico que se encontrava no seu gabinete no Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto e enviou, posteriormente, parte do seu Arquivo Pessoal, bem como alguma documentação relativa aos seus Pais para integrar o Arquivo da Casa Reynaldo dos Santos Irene Quilhó dos Santos.Âmbito e Conteúdo:O Fundo é composto por documentação criada no âmbito da atividade de Maria de Sousa enquanto cientista, investigadora e professora catedrática no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto e nos vários Institutos e departamentos das universidades de Glasgow e Londres, em Inglaterra, e Cornell, Harvard e Sloan Kettering, nos Estados Unidos reunindo originais da autora, apontamentos, correspondência institucional, artigos científicos, recortes de imprensa, documentos iconográficos (fotografia, transparências, diapositivos e desenhos), provas tipográficas de artigos cientificos, produção científica de alunos e professores, assim como documentação relacionada com a sua atividade na Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT) enquanto coordenadora do processo de implementação da avaliação externa dos centros de investigação portugueses na área das Ciências da Saúde, para o qual foi convidada pelo então Ministro da Ciência e da Tecnologia, Mariano Gago.
Integram, igualmente, este fundo textos literários, correspondência pessoal, fotografias e objetos vários que testemunham o reconhecimento pelo seu trabalho, assim como as viagens e percursos que efetuou ao longo da sua vida.
Complemenetam este arquivo uma pequena biblioteca que espelha os seus interesses e percurso profissional e pessoal e dois subfundos que constituem um pequeno núcleo de documentos relativos a seus pais, António de Sousa e Odete Brito de Sousa.
Estatuto Legal:Documentação PrivadaCódigo de Referência:PT/CMCSC-CRSIQS/MS