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Forma Autorizada do Nome:Shirer, William LawrenceTipo de Entidade:Pessoa SingularOutras Formas do Nome:Shirer, William L.História:Naturalidade: Chicago (EUA). Nacionalidade: norte-americana
William Lawrence Shirer foi um jornalista, correspondente de guerra, historiador e escritor norte-americano, conhecido tanto pela sua cobertura jornalística do início da Segunda Guerra Mundial, quanto pelas suas obras de investigação histórica, consideradas das mais completas sobre o conflito e sobre o nazismo. Shirer licenciou-se na Coe College em 1925, ano em que rumaria a Paris e onde se tornou repórter do “Chicago Tribune”. Ali testemunhou a chegada de Charles A. Lindbergh no seu voo de Nova Iorque, em maio de 1927, naquela que seria a primeira travessia transatlântica em avião a solo e sem escalas. Posteriormente, foi enviado à Índia para fazer a cobertura do movimento independentista liderado por Mohandas Gandhi, de quem se tornou próximo e cuja amizade descreveria na obra de 1980 “Gandhi: A Memoir“. Entre 1934 e 1937 foi correspondente estrangeiro em Berlim do “Hearst International”, vindo então a ser contratado por Edward R. Murrow, chefe das operações europeias da Columbia Broadcasting System (CBS), para gerir o escritório da cadeia noticiosa em Viena. Foi desta forma que Shirer se tornou no primeiro dos "Murrow's Boys", um grupo de correspondentes estrangeiros que revolucionou a reportagem de notícias na rádio e, mais tarde, na televisão. Shirer estava em Viena aquando da anexação alemã da Áustria (Anschluss) em 1938, sendo, então, o único locutor americano na capital; apesar do extraordinário furo jornalístico, não obteve autorização para transmitir. Por sugestão de Murrow, Shirer voou para Londres, onde acabaria por realizar o primeiro relato de uma testemunha ocular sem censura do anexador. É neste contexto que a CBS aliciaria Shirer e Murrow a produzir um resumo periódico da situação na Europa, uma transmissão de 30 minutos com reportagens em direto de cinco capitais europeias: Berlim, Viena, Paris, Roma e Londres. Este primeiro resumo noticioso estabeleceu uma fórmula ainda utilizada no jornalismo de radiodifusão, estando na génese do que se tornou o “CBS World News Roundup”, programa que ainda vai para o ar naquela cadeia noticiosa. Ainda em 1938, Shirer viria a acompanhar e a relatar as diligências do Acordo de Munique e da ocupação da Checoslováquia por Hitler, antes de realizar uma reportagem sobre as crescentes tensões entre a Alemanha e a Polónia em 1939 que culminariam com a invasão alemã da Polónia em setembro desse ano, assim desencadeando a Segunda Guerra Mundial. Durante grande parte do período pré-guerra, Shirer estava sediado em Berlim e assistiu aos discursos de Hitler e a vários comícios do Partido Nazi em Nuremberga. Quando a guerra eclodiu na Frente Ocidental, em 1940, Shirer avançou com as tropas alemãs, fazendo reportagens em primeira mão sobre a "Blitzkrieg”. A partir de Berlim elaboraria várias reportagens sobre a invasão da Dinamarca, Noruega, Holanda, Luxemburgo, Bélgica e França. À medida que o exército alemão se aproximava de Paris, viajou para França com as forças alemãs, vindo a relatar a assinatura do Armistício franco-alemão em junho de 1940, fugindo ao controle dos nazis e transmitindo em direto os acontecimentos, sendo, então, a única fonte isenta de que o mundo dispunha para compreender o acordo. No entanto, à medida que a guerra se prolongava e que a Grã-Bretanha começava a bombardear cidades alemãs, incluindo Berlim, a censura nazi tornar-se-ia mais apertada para Shirer e seus colegas. Em contraste com as transmissões em direto de Murrow sobre os bombardeamentos alemães em Londres (“Blitz”), os correspondentes estrangeiros na Alemanha não estavam autorizados a reportar ataques aéreos britânicos a cidades alemãs. Informado de que a sua atividade estava a levantar suspeitas na Gestapo, acabaria por abandonar o país em dezembro de 1940, rumo aos EUA, levando consigo os seus diários e notas pessoais, os quais viria a utilizar no seu “Diário de Berlim”, um relato diário em primeira mão dos acontecimentos na Alemanha durante os cinco anos de paz e um ano de guerra, publicado em 1941. Regressou à Europa quatro anos mais tarde para acompanhar os Julgamentos de Nuremberga, vindo a descrevê-los na obra “Diário do Fim de Berlim”, escrita em 1947. Durante a guerra, Shirer foi nomeado diretor da Sociedade para a Prevenção da Terceira Guerra Mundial, que fez lobby após a guerra por uma paz duradoura com a Alemanha. Em 1946 recebeu o Prémio Peabody para Melhor Reportagem e Interpretação de Notícias pelo seu trabalho na CBS. A amizade entre Shirer e Murrow terminou no ano seguinte, culminando com a saída de Shirer da CBS, num dos grandes confrontos do jornalismo radiofónico americano. O fim da sua carreira na rádio lançou as bases para um novo caminho como historiador. A sua obra “Ascensão e Queda do Terceiro Reich: uma história da Alemanha nazi”, tornou-se num best-seller imediato quando foi publicado em 1960, ganhando o “National Book Award” no ano seguinte e passando a ser citada em vários trabalhos académicos. O livro “Colapso da Terceira República” surgiu em 1969, seguindo-se as suas memórias em três volumes em 1976, 1984 e 1990. William L. Shirer faleceria em Boston aos 89 anos
Funções, Ocupações e Actividades:Jornalista, correspondente de guerra, escritorRegras e/ou Convenções:ODA, ponto 14.B22. (3ª versão, 2011)Data de Criação:2011-05-29Notas de Manutenção:Revisto e enriquecido por Paula Almeida